Tempos atrás, postamos no Facebook um vídeo do Cicero Carvalho, Head de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da LeaderArt, conversando com um gestor da Bayer em Lisboa sobre as diferenças de comportamento e cultura dentro de equipes de trabalho em multinacionais (veja aqui).
Ao assistir ao vídeo, me lembrei de gafes acontecerem por conta de relações de trabalhos entre pessoas de valores tão distintos. E pensei em dicas de como evitá-las.
É bem comum, por exemplo, deslizes de tratamento em conversas com colegas de outros países. No Brasil é normal a gente chamar pelo primeiro nome alguém que acabamos de conhecer. Já em alguns países europeus isso é completamente inaceitável – na Alemanha você pode passar anos trabalhando com um colega sem jamais tê-lo chamado pelo primeiro nome.
Já soube de histórias de gente levando sermão público por conta do excesso de intimidade em mensagens de e-mails em grupo, por exemplo.
Outra vez, um time recebeu um colega estrangeiro e o levou para almoçar num badalado restaurante paulistano. Sentaram e o garçom serviu a entrada, sem avisar o que era, e sem ninguém perguntar. Depois de comer, veio o susto: a comidinha era feita de carne de porco e o visitante era… judeu. Imaginem a saia justa!
Uma história que ouvi aconteceu na Califórnia, em uma empresa de tecnologia durante uma reunião. Um dos líderes, se não me engano italiano, soltou um “brasileiro não gosta de trabalhar”. Mas havia um brasileiro na mesa e, claro, a confusão estava armada.
Mas a pior aconteceu comigo dia desses. Fui a uma apresentação com um gestor colega de trabalho que, com o intuito de quebrar o gelo e descontrair, fez uma brincadeira com a diretora que nos recebeu a qual nos custou a sempre difícil tarefa de gerar empatia. No primeiro bate-papo, soubemos que ela era de um lugar onde o clima é bastante quente. Ele riu e disse algo do tipo: “Ah, ouvi dizer que lá é como o quintal do inferno”. Um pouco de bom-senso, de cuidado e de observação teria evitado o constrangimento, pois na mesa da pessoa havia várias imagens católicas e, inclusive, um terço. Ou seja, a analogia da cidade com o inferno causou um tremendo mal-estar. A reação foi imediata e extremamente seca: “Vá de retro! A minha terra não tem nada a ver com o inferno, mas pelo comentário você sabe como é lá”.
Sim, eu me senti o menino da foto…
Bom, então vão algumas dicas pra você se poupar de situações embaraçosas como essas:
-
A mais óbvia, naturalmente, é pesquisar sobre a nacionalidade das pessoas com as quais você vai interagir. Na internet tem bastante conteúdo sobre a cultura organizacional de cada país. Estude muito!
-
Ao chegar a uma empresa nova, vale a pena ler com atenção a missão e os valores da corporação onde vai trabalhar. Algumas empresas até já desenvolveram códigos internos de conduta comportamental para congregar as diferenças culturais e evitar problemas.
-
Tente também descobrir: Qual é a tradição de vestimenta no dia a dia? E em eventos? E em reuniões? Há restrições ou liberdade para cumprir horários? Há hierarquia de fala nas reuniões? Qual é a forma mais comum de cumprimento e de tratamento?
-
E vale a pena ajudar aquele estrangeiro que acabou de chegar, dando dicas a ele, dessas mesmas informações.
-
E claro, evite tecer qualquer comentário sobre o comportamento de outras nacionalidades, por exemplo, aqueles feitos só pra puxar conversa. Isso pode ser um tiro no pé, como contado acima.
SAMANTHA THOMAZ FERREIRA é CEO da Stathera Coaching, Certified Trainer e Head da LeaderArt para a região Centro-Oeste. Analista Comportamental (PDC Professional DiSC® Certification) e Professional Coach pela Sociedade Latino-Americana de Coaching®